O Click Niggas surge a partir do próprio auto entendimento de Roger Silva,
natural de Pernambuco, ele vivenciou o racismo e a rejeição, vendo que corpos
negros como dele não eram tão apresentados na sociedade; inconformado com
a negligência do sistema, expandiu a autoaceitação de suas verdadeiras raízes
através da paixão pela fotografia que transformou sua dor em arte viva, sonhos
e amor-próprio.
O intuito é que os jovens consigam se ver e se perceberem como negros.
Alcançar o maior número de pessoas pretas para que resplandeçam através da
fotografia artística, para autorrepresentação e que possam se ver de uma forma
menos violenta. Por experiência própria, Roger Silva teve essa falta quando
criança, uma não-leitura racial, sentindo uma falta de acesso às oportunidades
na época em que vivia.
Os pontos de atuação são fotografias de rua e de estúdio; projetos de
aprendizado para jovens explorando a iluminação e a modelagem, formação em
assistente de produção, assistente de fotografia e assistente administrativo.
Atualmente o projeto é formado por 60 pessoas pretas, de vários bairros de
Maceió, incluindo Jacintinho, Chã da Jaqueira, Trapiche, Santos Dumont, Village
Campestre, Grota do Cigano, Reginaldo, Poço, Benedito Bentes. A escalação
desse projeto é juntar coletivamente, numa perspectiva de quilombo, realizando
trabalhos virtuais e presenciais a partir das suas vivências de forma espontânea
a favor do Click Niggas; trabalhando juntos e acreditando no potencial da
história, das raízes e do reconhecimento da própria identidade e estética; tendo
a resistência no projeto em ir além das possibilidades de gerar grandes
oportunidades para a comunidade ter mais qualidade de vida.
O público-alvo são jovens pretos, visando elaborar uma perspectiva de
transcender às potencialidades visuais, pela reconstrução da psiquê do “Eu
Preto”, buscando ajudar a galera da comunidade a se reconhecer através da
autoimagem. O intuito é quebrar padrões de “embranquecimento” e cada vez
mais atingir as camadas de autoconhecimento das pessoas pretas. É um
quilombo de uma construção imagética para a comunidade se reconhecer
através do próprio reflexo, da própria história e se reimaginar nas verdadeiras
raízes da cultura preta.
Frase de Reflexão do Idealizador Roger Silva Inspirado no livro O GENOCÍDIO DO NEGRO BRASILEIRO:
PROCESSO DE UM RACISMO MASCARADO – Obra de Abdias Nascimento –
*Introdução*, Página 47
“Quanto a mim, considero-me parte da matéria
investigada, somente da minha própria experiência e situação do grupo ético e
cultural ao que pertenço, interagindo no contexto global da sociedade brasileira é que
posso surpreender a realidade. Condiciono o meu Ser e o defino, situação que me
envolve igual ao um centurião histórico de onde não posso escapar inconscientemente
sem praticar a mentira e a traição no Brasil.”
Por: Otávio Barros
Imagens: Roger Silva